Mal chegámos a Córdoba sentimos um imenso aperto. Eram 17h00 e estavam 46 graus. Viemos parar à boca do lobo – logo pensámos. Com crianças, há cuidados que devemos ter e que não pensamos quando vamos a dois. Mas não. Os nossos medos foram à vida quando vimos a cidade cheia. Cheia de famílias inteiras. Cheia de gelados de todas as cores e sabores. Cheia de barulho, cheia de árvores de fruto, cheia de recantos, cheia de luz, cheia de vida. Foi amor à primeira vista, por esta cidade do salero. Das palmeiras de perder de vista. Das pedras a fumegar. Das tapas a fervilhar. Apaixonei-me pela Mesquita e pelas suas arcadas infindáveis. Apaixonei-me pelo Álcazar e pelos seus jardins densos e imensos. Pelas esquinas cheias de caché. Pelas praças escondidas nas sombras das igrejas. Pelas fontes esquecidas no meio das calçadas. Pelas cores quentes. Pela arquitectura ardente. Senti-me no meio de um filme das arábicas. Com um cenário avassalador. Podia estar em qualquer sítio do mundo com esta mistura de gentes, de cores, de culturas, de sabores. Tudo respirava ânsia de viver. Um destino que ninguém vai poder perder!

A Mesquita de Córdoba é nada mais, nada menos do que a construção islâmica mais importante do mundo ocidental. É fascinante aprender um pouco da história deste povo de quem praticamente só conhecemos o lado mau. E engane-se quem pensa que este fascínio passa ao lado dos miúdos. O Sebastião já se interessa imenso por história, e mesmo o Manel fez perguntas e levantou conversas deliciosas. O mundo visto aos olhos de uma criança é muito mais encantador. As crianças só conseguem ver o bem. Só vislumbram o Amor.

Córdoba está preparada para o calor. É um calor abrasador, mas sem se tornar insuportável. Convém, no entanto, não nos esquecermos que temos de estar sempre a beber e a dar água aos nossos filhos. Temos de parar muitas vezes à sombra e no fresquinho do ar condicionado (por muito que não gostemos). Temos de estar sempre com o protector solar e os chapéus atrás. Temos de fazer a siesta. Sair do hotel depois das 16h00. Ficar na rua até às tantas. Não olhar às rotinas. Aos horários. Aos tem de ser. E os miúdos rejubilantes dois sorvetes por dia andaram a comer. Se vieram felizes? Impossível não adorar esta Andaluzia, a terra das 1001 noites de magia.

Ainda tenho tanto para vos contar…fiquem desse lado!