Geral

Day 1

Foi a viagem das nossas vidas. E por ter sido A viagem, resolvi escrever de cabeça fria. Já mais de um mês depois de termos voltado. Porque assim não há suspeitas de estar ainda anestesiada com toda aquela aventura a 5.

Esta é a estreia das nossas crónicas de viagem. A pedido de várias famílias, vou dividir a nossa história em várias etapas. Há tanto para contar, que difícil vai ser filtrar.

Saímos do Porto no dia 8 de agosto, com um sol abrasador. O tempo prometia e isso já era um bom prenúncio! Mas mal chegámos ao outro lado da fronteira, as nuvens negras cobriram o céu e abafaram a auto-estrada com uma chuva imensa. A nossa primeira paragem, em Santiago de Compostela, foi abençoada por uma tempestade tropical que alagou ruas e ruelas em menos de 10 minutos. Chegámos à auto-caravana com água até aos tornozelos, e a torcer para que aquela água benta fosse só para dar as boas-vindas a esta aventura.

Nessa noite dormimos em Ferrol, em frente a uma praia cheia de surfistas e boa onda (só no dia seguinte de manhã é que percebemos a beleza natural que nos envolvia). Um dia absolutamente radioso que não deixou rasto de qualquer chuva torrencial. Foi uma manhã de descoberta, em que parecíamos umas crianças a explorar a nossa nova casa. Não sei quem estava mais feliz, se os miúdos, se os graúdos. Todos entrámos no espírito van e demos asas à imaginação. Tratámos da caravana como se fosse nossa. Qual caracol na sua carapaça. Durante os 12 dias que por lá estivemos, e apesar da areia, da terra, e dos pés molhados, a nossa caravana esteve sempre um brinco. Os miúdos ajudaram mais do que nunca. Lavaram loiça. Deitaram o lixo. Fizeram as camas. Arrumaram a sua roupa. Tomaram banho sozinhos – e racionaram a água. Não foram só férias. Não foi só uma viagem. Foi uma união em família. E entre amigos. São dias que nunca mais vamos esquecer. 

De ferrol embarcámos até às Astúrias. E chegámos aos Açores de Espanha. Verde e mais verde a acabar no azul do mar. Praias escondidas em falésias perdidas. Água  esmeralda, morna e calma. Natureza no seu estado mais bruto. E duas famílias felizes.

Se eu vos contar a praia mais bonita que já vi, juram que não dizem a ninguém? Só o nome arrepia: Playa del Silencio. Uma luz inexplicável recatada entre dois muros naturais de pedra, em que o mar entrava de mansinho, mas sem medo. Bem devagarinho. Por muitos anos que viva, nunca irei apagar a memória fotográfica daquela praia mágica, em que o silêncio imponente da natureza reinava, Sem dó nem piedade. Como se fosse a única verdade. E nós por ali ficámos. Até o sol desaparecer. Sem pressa do alvorecer.

Nessa noite dormimos, muito provavelmente, no nosso spot preferido da viagem (agora que já passou, digo isto com mais certeza). Jantámos em cima de uma falésia a perder de vista, com o som ensurdecedor do mar a bater nas rochas. Aquele frio típico da noite cerrada, mas que mesmo assim nos aquecia a alma. O mais estranho de tudo é que me sentia em casa, sem nunca lá antes ter posto os pés. Mas deixei o meu coração naquele pedaço de paraíso. Quando acordámos, no dia seguinte, só víamos azul. Do céu. Do fundo daquele mar, mais uma vez. Não sabíamos muito bem distinguir o que era o quê. Os miúdos estavam estarrecidos com todo aquele cenário. E mesmo não se lembrando do nome daquele sítio especial, sabem identificá-lo na perfeição, quando o descrevem segundo aquilo que viveram. E isso, vale muito mais do que tudo o resto.

Nesse dia rumámos a mais uma praia de sonho. Quando lá chegámos, estava um vento que não prometia coisa boa. Mas mal entrámos areia adentro, percebemos que tinhamos chegado ao paraíso, protegido por duas encostas verdes, que fechavam a paisagem e nos ofereciam um mar mais esmeralda do que as próprias pedras preciosas. Senti-me pequenina por já ter ido até ao outro lado do mundo, em pleno Oriente, à procura de praias assim. Enganem-se. A nossa península ibérica bate qualquer viagem pelo mundo. Nascemos e vivemos no sítio perfeito. E isso, vale ouro. Decorem este nome: Praia de Cadavedo. Astúrias, o nosso novo e eterno amor!

E não sei se vos hei de contar, ou de guardar para mim, o tesouro que descobrimos quando saímos daquela praia. Um miradouro de sonho, mesmo na encosta da falésia que protegia todo aquele paraíso. Uma capela pequena, mas grandiosa, Um relvado a perder de vista e a acabar no mar. Mesmo que separados por metros e metros de altura. Não podem deixar de subir à Ermita de la Regalina e por lá ficar, “picnicando” e namorando toda aquela envolvente.

Esta foi a primeira etapa da nossa viagem. Para a semana falarei dos Pico de Europa, mas ainda com uma paragem por uma vila deliciosa e uma praia cheia de salero. Entretanto, espero que também se deliciem com o nosso registo fotográfico e, já sabem, podem escrever-me (sem dó nem piedade) para aqui com todas as vossas dúvidas e pedidos de dicas!

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Foi a viagem das nossas vidas. E por ter sido A viagem, resolvi escrever de cabeça fria. Já mais de um mês depois de termos voltado. Porque assim não há suspeitas de estar ainda anestesiada com toda aquela aventura a 5.

Esta é a estreia das nossas crónicas de viagem. A pedido de várias famílias, vou dividir a nossa história em várias etapas. Há tanto para contar, que difícil vai ser filtrar.

Saímos do Porto no dia 8 de agosto, com um sol abrasador. O tempo prometia e isso já era um bom prenúncio! Mas mal chegámos ao outro lado da fronteira, as nuvens negras cobriram o céu e abafaram a auto-estrada com uma chuva imensa. A nossa primeira paragem, em Santiago de Compostela, foi abençoada por uma tempestade tropical que alagou ruas e ruelas em menos de 10 minutos. Chegámos à auto-caravana com água até aos tornozelos, e a torcer para que aquela água benta fosse só para dar as boas-vindas a esta aventura.

Nessa noite dormimos em Ferrol, em frente a uma praia cheia de surfistas e boa onda (só no dia seguinte de manhã é que percebemos a beleza natural que nos envolvia). Um dia absolutamente radioso que não deixou rasto de qualquer chuva torrencial. Foi uma manhã de descoberta, em que parecíamos umas crianças a explorar a nossa nova casa. Não sei quem estava mais feliz, se os miúdos, se os graúdos. Todos entrámos no espírito van e demos asas à imaginação. Tratámos da caravana como se fosse nossa. Qual caracol na sua carapaça. Durante os 12 dias que por lá estivemos, e apesar da areia, da terra, e dos pés molhados, a nossa caravana esteve sempre um brinco. Os miúdos ajudaram mais do que nunca. Lavaram loiça. Deitaram o lixo. Fizeram as camas. Arrumaram a sua roupa. Tomaram banho sozinhos – e racionaram a água. Não foram só férias. Não foi só uma viagem. Foi uma união em família. E entre amigos. São dias que nunca mais vamos esquecer. 

De ferrol embarcámos até às Astúrias. E chegámos aos Açores de Espanha. Verde e mais verde a acabar no azul do mar. Praias escondidas em falésias perdidas. Água  esmeralda, morna e calma. Natureza no seu estado mais bruto. E duas famílias felizes.

Se eu vos contar a praia mais bonita que já vi, juram que não dizem a ninguém? Só o nome arrepia: Playa del Silencio. Uma luz inexplicável recatada entre dois muros naturais de pedra, em que o mar entrava de mansinho, mas sem medo. Bem devagarinho. Por muitos anos que viva, nunca irei apagar a memória fotográfica daquela praia mágica, em que o silêncio imponente da natureza reinava, Sem dó nem piedade. Como se fosse a única verdade. E nós por ali ficámos. Até o sol desaparecer. Sem pressa do alvorecer.

Nessa noite dormimos, muito provavelmente, no nosso spot preferido da viagem (agora que já passou, digo isto com mais certeza). Jantámos em cima de uma falésia a perder de vista, com o som ensurdecedor do mar a bater nas rochas. Aquele frio típico da noite cerrada, mas que mesmo assim nos aquecia a alma. O mais estranho de tudo é que me sentia em casa, sem nunca lá antes ter posto os pés. Mas deixei o meu coração naquele pedaço de paraíso. Quando acordámos, no dia seguinte, só víamos azul. Do céu. Do fundo daquele mar, mais uma vez. Não sabíamos muito bem distinguir o que era o quê. Os miúdos estavam estarrecidos com todo aquele cenário. E mesmo não se lembrando do nome daquele sítio especial, sabem identificá-lo na perfeição, quando o descrevem segundo aquilo que viveram. E isso, vale muito mais do que tudo o resto.

Nesse dia rumámos a mais uma praia de sonho. Quando lá chegámos, estava um vento que não prometia coisa boa. Mas mal entrámos areia adentro, percebemos que tinhamos chegado ao paraíso, protegido por duas encostas verdes, que fechavam a paisagem e nos ofereciam um mar mais esmeralda do que as próprias pedras preciosas. Senti-me pequenina por já ter ido até ao outro lado do mundo, em pleno Oriente, à procura de praias assim. Enganem-se. A nossa península ibérica bate qualquer viagem pelo mundo. Nascemos e vivemos no sítio perfeito. E isso, vale ouro. Decorem este nome: Praia de Cadavedo. Astúrias, o nosso novo e eterno amor!

E não sei se vos hei de contar, ou de guardar para mim, o tesouro que descobrimos quando saímos daquela praia. Um miradouro de sonho, mesmo na encosta da falésia que protegia todo aquele paraíso. Uma capela pequena, mas grandiosa, Um relvado a perder de vista e a acabar no mar. Mesmo que separados por metros e metros de altura. Não podem deixar de subir à Ermita de la Regalina e por lá ficar, “picnicando” e namorando toda aquela envolvente.

Esta foi a primeira etapa da nossa viagem. Para a semana falarei dos Pico de Europa, mas ainda com uma paragem por uma vila deliciosa e uma praia cheia de salero. Entretanto, espero que também se deliciem com o nosso registo fotográfico e, já sabem, podem escrever-me (sem dó nem piedade) para aqui com todas as vossas dúvidas e pedidos de dicas!

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