E aqui estou eu, mais uma vez melindrada, divagando horas a fio acerca deste meu último ano. Fazer anos em finais de dezembro tem esta (grande) vantagem: fazer reset de tudo o que correu menos bem no último ano, e um to be continued de todas (e tantas) coisas boas. Este ano foi talvez o mais desafiante, dos últimos tempos. A nível profissional, dei o salto que precisava em busca da felicidade. É um caminho longo, moroso, por vezes traiçoeiro, mas muito cúmplice, muito verdadeiro. Cheguei ao cume do (meu) Everest. Agora, preciso de ficar por aqui durante uns tempos antes de começar a minha descida para depois alcançar outros cumes. Por vezes fará um frio insuportável. Poderei também sentir uma solidão intragável, ainda que no meio de tanta gente. Mas os dias de sol e de luz ajudarão a seguir em frente. Estou num misto de medo e de adrenalina, de coragem e de falta de gasolina, que nem vos conto. Mas espero (espero não, rezo!) que este meu novo voo ganhe fôlego para ir bem alto, ainda que encha devagar, devagarinho.
A nível pessoal também foi um ano em que dei muito de mim, em termos físicos e emocionais. Fisicamente passei a saltar de um lado para o outro, em modo gincana, com 3 pesos às costas, sem tempo para paragens, cortes ou viragens. Isto, quando passei quase 12 anos da minha vida sentada à secretária, mais de 8 horas por dia. Este fenómeno que se chama “stat-at-home-working-mum” explica, em parte, – a minha magreza (pois é: não estou em dieta!). A nível emocional, este 2016 também teve o que se lhe diga. Grandes perdas, difíceis labirintos, importantes decisões, loopings de emoções tomaram conta (e queimaram) alguns dos meus queridos neurónios. A tudo isto acresce uma cambada de noites mal-dormidas, uma casa nova que (ainda) está de pernas para o ar, e três razões da minha existência que por vezes parecem enraivecidas. Sim, este ano ganhei olheiras, brancas, rugas, e aprendi que nem tudo (todos) o que parece, é. Desilusões, desgostos, sacanagens, e um rodopio de emoções passou pelo meu (frágil) coração. De repente, virei uma pessoa emocionalmente sensível, de lágrima fácil e soluço sempre pronto.
Mas…guess what! Tornei-me numa pessoa com uma fé em mim própria (e no Deus lá em cima) absolutamente arrebatadora, com doses elevadíssimas de amor e carradas de esperança num 2017 (e em todos os que virão) mágico. E quanto aos neurónios queimados…só os maus foram à vida! Todos os outros neurónios bons acreditaram em mim e por aqui ficaram, para me ajudar a crescer com coragem e determinação, e a vencer com amor e paixão.
E aqui estou eu, 2017, com uns 35 anos completos e felizes, mais do que pronta para te receber, de braços (e coração) abertos. Sim, ainda sinto que tenho uma vida inteira pela frente, com uma família imperfeitamente perfeita, 3 bênçãos para criar, amigos para a vida, saúde para dar e vender, e paletes de amor para agradecer.
Vamos lá!!!
Fotografia (mágica) d´Os Retratistas, que espelha na perfeição o estado de alma nos 35 anos deste pedaço de gente feliz.