Geral

Manel Maria

Faz hoje 5 anos que o nosso querido índio nos arrebatou coração da maneira mais terna que existe. 

Eram oito da manhã do dia 26 de janeiro e já estava cá fora. Cesariana programada, sem voto na matéria da Mãe. Paciência. Pensei eu. “Desde que corra tudo bem”. Um rebuliço de enfermeiros e médicos à minha volta. Uma sensação de máquna de lavar dentro das minhas entranhas. Tudo normal, mesmo para quem tinha sonhado com um parto de uma maneira mais natural. Paciência. Voltei a pensar. “Desde que venha com saúde”.

Não foi preciso muito para sentir que alguma coisa se passava, quando me pousaram um bebé lindo e perfeito no peito. Não chorou. Não bracejou. Não gritou. E esta Mãe, que já tinha passado pela experiência de uma cesariana pouco tempo antes, subitamente percebeu que, afinal, o dia 26 de janeiro de 2012 não seria um dos mais felizes da sua vida.

Só quem passa é que sabe a dureza que é não ter o seu bebé nos braços depois de um parto tão sonhado, tão planeado. Não subir para o quarto enternecida com o seu rebento, é injusto demais. Não ficar horas e horas deslumbrada com um ser tão nosso. Tão puro. Tão amado. Não. “Isto só acontece aos outros”. Pensava eu. “Não com o meu bebé”.

Doze horas depois do parto, e ainda que não me quisessem deixar, fiz das tripas coração para ir ver o meu bebé. O meu bebé que ainda não conhecia. A quem nunca tinha tocado. Que nunca tinha sentido a pele da Mãe. Que dor tão grande! Não a da cicatriz imensa. Mas a da ferida aberta no meu coração. Não tenho palavras para descrever o que senti quando o vi ali, agarrado aos fios imensos de uma redoma de vidro. O meu querido bebé, sozinho, perdido, confuso. A lutar por sair dali e começar uma vida nova. Vida essa que ainda não conhecia. E tanta gente que já o amava tanto, tanto!

Graças a Deus, tudo não passou de um susto com um nome estranho, que hoje em dia nem sei repetir. O nosso bebé grande hoje faz 5 anos. Cinco! Como é que é possível? É o miúdo mais feliz e bem resolvido que conheço. Faz da vida uma autêntica festa. Sem nunca lhe ter ensinado, vive como se cada dia fosse uma dádiva. Agradece tudo aquilo que tem. No verdadeiro sentido da palavra. É meiguinho como mais ninguém. Apaixonado pelos manos e pela família como não há quem. Tem fobia por tudo o que seja vermelho e foge a sete pés do mar. Gosta das coisas simples da vida tais como correr, saltar, dançar, brincar. Tem vergonha de ouvir a voz esganiçada da Mãe quando canta ao seu ouvido músicas do bem.  Dá beijinhos sentidos. Xi-corações inadvertidos. Conquista qualquer um pela sua espontaneidade. Ri-se, e ri-se com aquela sua ingenuidade. Tem um sorriso enternecedor. É um autêntico conquistador. Com o seu olhar charmoso, consegue tudo o que quer. Mas consegue-o com justiça, sem querer enganar ninguém ao seu redor. Adoro-o tanto, mas tanto, que não quero mais nada nesta vida, a não ser o que tenho aqui, mesmo ao meu lado, nesta noite gelada de inverno. O calor dos meus filhos, o amor que transpiram, e esta felicidade genuína que invade cada ínfima parte do meu ser. Isto sim, é ser Mãe. Isto sim, é viver a valer.

Parabéns, meu querido Manel. Parabéns ao meu adorado e valente Pote de Mel.

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Faz hoje 5 anos que o nosso querido índio nos arrebatou coração da maneira mais terna que existe. 

Eram oito da manhã do dia 26 de janeiro e já estava cá fora. Cesariana programada, sem voto na matéria da Mãe. Paciência. Pensei eu. “Desde que corra tudo bem”. Um rebuliço de enfermeiros e médicos à minha volta. Uma sensação de máquna de lavar dentro das minhas entranhas. Tudo normal, mesmo para quem tinha sonhado com um parto de uma maneira mais natural. Paciência. Voltei a pensar. “Desde que venha com saúde”.

Não foi preciso muito para sentir que alguma coisa se passava, quando me pousaram um bebé lindo e perfeito no peito. Não chorou. Não bracejou. Não gritou. E esta Mãe, que já tinha passado pela experiência de uma cesariana pouco tempo antes, subitamente percebeu que, afinal, o dia 26 de janeiro de 2012 não seria um dos mais felizes da sua vida.

Só quem passa é que sabe a dureza que é não ter o seu bebé nos braços depois de um parto tão sonhado, tão planeado. Não subir para o quarto enternecida com o seu rebento, é injusto demais. Não ficar horas e horas deslumbrada com um ser tão nosso. Tão puro. Tão amado. Não. “Isto só acontece aos outros”. Pensava eu. “Não com o meu bebé”.

Doze horas depois do parto, e ainda que não me quisessem deixar, fiz das tripas coração para ir ver o meu bebé. O meu bebé que ainda não conhecia. A quem nunca tinha tocado. Que nunca tinha sentido a pele da Mãe. Que dor tão grande! Não a da cicatriz imensa. Mas a da ferida aberta no meu coração. Não tenho palavras para descrever o que senti quando o vi ali, agarrado aos fios imensos de uma redoma de vidro. O meu querido bebé, sozinho, perdido, confuso. A lutar por sair dali e começar uma vida nova. Vida essa que ainda não conhecia. E tanta gente que já o amava tanto, tanto!

Graças a Deus, tudo não passou de um susto com um nome estranho, que hoje em dia nem sei repetir. O nosso bebé grande hoje faz 5 anos. Cinco! Como é que é possível? É o miúdo mais feliz e bem resolvido que conheço. Faz da vida uma autêntica festa. Sem nunca lhe ter ensinado, vive como se cada dia fosse uma dádiva. Agradece tudo aquilo que tem. No verdadeiro sentido da palavra. É meiguinho como mais ninguém. Apaixonado pelos manos e pela família como não há quem. Tem fobia por tudo o que seja vermelho e foge a sete pés do mar. Gosta das coisas simples da vida tais como correr, saltar, dançar, brincar. Tem vergonha de ouvir a voz esganiçada da Mãe quando canta ao seu ouvido músicas do bem.  Dá beijinhos sentidos. Xi-corações inadvertidos. Conquista qualquer um pela sua espontaneidade. Ri-se, e ri-se com aquela sua ingenuidade. Tem um sorriso enternecedor. É um autêntico conquistador. Com o seu olhar charmoso, consegue tudo o que quer. Mas consegue-o com justiça, sem querer enganar ninguém ao seu redor. Adoro-o tanto, mas tanto, que não quero mais nada nesta vida, a não ser o que tenho aqui, mesmo ao meu lado, nesta noite gelada de inverno. O calor dos meus filhos, o amor que transpiram, e esta felicidade genuína que invade cada ínfima parte do meu ser. Isto sim, é ser Mãe. Isto sim, é viver a valer.

Parabéns, meu querido Manel. Parabéns ao meu adorado e valente Pote de Mel.

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