Mais do que o regresso às aulas, este mês de setembro é o regresso às rotinas de sempre. É o mês dos recomeços. Ainda cheira a Verão, mas já sabe a Outono. E se por um lado apetece voltar à carga, por outro, a lembrança ainda fresca das noites bem quentes de verão ainda nos inunda o coração. Os miúdos estão felizes por voltar aos amigos de sempre, ao recreio de sempre, às obrigações de sempre, às brincadeiras de sempre. O Sebastião já se sente um homenzinho. Já sabe ler. Já domina a escrever. Já sabe fazer contas. Ler mapas. É a cabeça de engenheiro lá de casa. O Manolo é o finalista mais feliz da cidade. Conta os dias para fazer 6 anos. Aprendeu a desenhar com prazer e perfeição. É apaixonado pelas suas coisas. Coisas simples. Coisas pequenas. Mas que este meu filho sabe gozá-las como mais ninguém. Só espero que saia à Mãe! E o Zé Maria? Este bebé já estava a pedir a sua rotina do dia-a-dia.
Pois é! O mês de setembro também é o mês das decisões. Algumas, bem difíceis de tomar. Mas como mais vale uma má decisão do que uma não decisão, este ano decidimos – nem sequer foi assunto falado -, que o Zé Maria ficaria mais um ano em casa, perto da Mãe. E ai de quem me diga que o ZM já “está a precisar de escolinha”. Não. Isso não aceito. O ZM tem dois irmãos mais velhos, e mais de meia dúzia de primos para conviver, partilhar, entreter, brincar. Pode falar pouco – ou quase nada -, mas a verdade é que vai a todo o lado. Não se perde por não se saber exprimir por palavras. Os gestos e expressões tomam conta da situação. Come sozinho como mais nenhum. Com muita garra e paixão. Dorme mal. Mas isso já e costume. E nunca, mas nunca está doente. E se tem uma saúde de ferro, também é porque não anda na escolinha. É verdade, o Titão e o Manel foram para a creche com 2 anos (e não lhes fez mal nenhum)! Mas na altura, esta Mãe trabalhava a tempo inteiro fora de casa, e não tinha muitas opções. Agora, e sendo este o meu último filho (pelo menos, planeado), quero aproveitar este último ano para um namoro pegado. E não me interessa se dizem que está mimado, se está à Mãe muito agarrado. Vou continuar em modo canguru até não mais poder. Até o meu querido ZM crescer.
Há manhãs de manhas bem difíceis. Há tardes de birras impossíveis. Mas também há paciência. Há amor. Há mimo bom. Há cedência. E se o ZM já sabe que a Mãe, de manhã, tem de estar um bocadinho em frente ao computador, esta Mãe também sabe que de tarde, quando os manos chegam da escola, o tempo é só deles. E sinto-me a Mulher mais sortuda do mundo quando posso ir buscar os meus filhos, quando posso acompanhá-los, guiá-los e ampará-los no seu dia-a-dia, como sempre sonhei. Tomo o pequeno-almoço, almoço e janto todos os dias com os meus filhos. Sonhei com isso. Lutei por isso. Trabalhei para isso. Arranjei o equilíbrio perfeito entre o trabalho e a família. Se por vezes me sinto discriminada por ser Mãe-trabalhadora? Não. Se fizermos as opções acertadas, tudo vai bem.
E quanto a ti, querido Zé Maria, quando for bem velhinha vou-me lembrar, com muita nostalgia, daquelas manhãs inteiras só nós dois. Daquelas horas em que podias ter ficado na creche, mas em que esta Mãe preferiu agarrá-lo, apertá-lo, enchê-lo de beijos, estragá-lo de mimos.
Filhos na creche com Mães em casa? Não, obrigada!
[e esta fotografia do regresso às aulas da Laranjinha, não está um arraso?]