A segunda parte da nossa viagem foi, no mínimo, inesquecível. Chegar a Granada é como entrar dentro de um livro de história. Granada tresanda a cultura, com um choque de civilizações e de multidões absolutamente avassalador. As pessoas vivem cá fora. As esplanadas fervilham de gente. As praças inundam-se de música, de dança, de gritos, de bonança. O bares e restaurantes respiram boas energias. Em cada esquina saltam sevilhanas que nos enchem a alma de coisas boas e alegrias. Foi, sem dúvida, a nossa surpresa preferida. Um misto da confusão boa de Roma, com o barulho ensurdecedor e os cheiros nauseabundos de Marraquexe e a beleza (im)provável da Toscana.
E depois o Alhambra. Ai, o Alhambra! O baque que é chegar àquele que parece um outro mundo. Um mundo de jardins flutuantes, de gentes errantes. Um mundo de tectos enfeitiçados, em palácios abençoados. Um mundo de janelas aconchegantes, e de incertezas marcantes. Um mundo de azulejos e de pedras raras feito à medida de um povo tão diferente daquele que se mostra hoje em dia. Um Rei que estava à frente da civilização. E que mesmo no meio de tanto tormento, fez vingar o seu bom coração. Chegar a Alhambra. Abandoná-lo. E depois vislumbrá-lo do outro lado da cidade, ao som de um pôr-do-sol inexcedível. Devia ser obrigatório. É uma experiência tão completa, tão gratificante, que deveria fazer parte da vida de qualquer um. Devia ser tão natural como dar um mergulho no mar. Como arrancar um figo da árvore e comer à colher. Devia fazer parte do sonho vivido de qualquer homem, ou mulher.
Sabem que mais, vou guardar um post só para a escaldante Sevilha, e a suspirante Ronda. Ai isso é que vou!
Dica Maisena: O segredo de uma roadtrip bem sucedida é parar muitas vezes durante as viagens. Não fazer mais do que 300 kms de uma só vez. E respeitar os timings dos miúdos. Se começar a haver gritaria ou choro a mais, há-que parar. Ter paciência e abrandar. As crianças não têm a mesma capacidade de saber esperar. E o cansaço acumulado ou as birras de cansaço podem estragar um dia de viagem!